CENTRO DE UROLOGIA

TATUAPÉ/SANTANA

Urolitíase ou Calculose do sistema urinário

Por: Dr. Marcio Navarro Gianelo
CRM-78.436

Estima-se que a incidência de cálculos renais pode acometer até 12% da pessoas no globo, com estatísticas que variam de 2 até 25% dependendo do país. Países com clima mais quentes e áridos (Oriente Médio, por exemplo) tem as maiores incidências. 

• Com relação ao sexo: Os cálculos são mais presentes nos homens que em mulheres 

• Com relação à idade: A maior parte dos pacientes terá a primeira crise de cólica renal entre os 15 e 30 anos

 • Com relação à época do ano: A incidência de calculose é maior nos períodos mais quentes do ano. 

• Com relação à cor da pele, não existe diferença identificada até o momento. 

Os cálculos renais são considerados um problema de saúde pública (em 2017 foram mais de 80.000 internações no S.U.S.) e apesar de um grande número de publicações científicas, muitas inovações tecnológicas sendo apresentadas a todo momento, ainda assim, temos muito a aprender antes podermos dizer que conhecemos absolutamente tudo desta patologia. Alguns estudos mais recentes parecem apresentar uma tendência de aumento no número total de casos e alteração da distribuição destes casos com relação às idades, sexo e sazonalidade que observávamos antes. 

Tudo isto, se apresenta como um enorme desafio à medicina, pois de um lado temos uma doença cujos primeiros relatos foram feitos em papiros egípcios que datam de até 1500 a.C., e por outro lado, as mudanças no homem e seus hábitos nestes milhares de anos, podem ter ajudado esta doença tão “dolorosa” esteja mudando suas característica. 

Alguns fatos são importantes em salientar, existem diversos tipos de matrizes capazes de formar cálculos. Os mais comuns são os de Cálcio (oxalato diidratado, monohidratado, e carbonato de cálcio), mas existem cálculos de ácido úrico (habitualmente após os 40 anos de idade), cálculos de piro fosfato de amônio–magnesiano ou estruvita (sempre associados à bactérias capazes de desdobrar a ureia, ou seja, cálculos associados a processos infecciosos), cálculos de cistina (cálculo que pode aparecer logo após a primeira infância (após 6-8 anos de idade), e que está associado a uma alteração de cunho hereditário onde a reabsorção da cistina fica muito prejudicada, como o ambiente da urina costuma ser muito acida, existe a precipitação e cristalização do aminoácido. Além desses, existe também cálculos medicamentosos, há alguns anos chegamos a tratar pacientes com cálculos de indinavir (medicação outrora usada no tratamento de pacientes com sorologia positiva para o HIV), por exemplo.

 Uma vez que o cálculo esteja formado na via urinaria, com exceção dos cálculos de ácido úrico que podem ser dissolvidos com medicações), todos os cálculos da via urinaria terão apenas 2 destinos: Ou crescem ou serão eliminados. 

O ureter de uma adulto normal, tem diâmetro variável de 2 a 4 mm, portanto a maioria dos cálculos menores que 4 mm tem grande chance de eliminação, quase sempre sem cólicas maiores (em alguns trabalhos até 97% de chance eliminação espontânea), porem isso não exclui a necessidade de intervenção para alguns pacientes com cálculos menores, ou seja, tudo vai depender da posição onde o cálculo começou a produzir sintomas (existe uma tendência dos estreitamentos naturais serem mais importantes nas porções mais baixas do ureter), e do grau de repercussão que este cálculo provoca no paciente (necessidade de analgésicos, dilatação renal e etc.), Sendo assim, cálculos maiores que 5 mm tem indicação de tratamento, por vezes ativo, e tudo vai depender da discussão de seu caso com seu médico. Toda esta história, pode mudar drasticamente, dependendo das condições prévias de cada pessoa (estes casos podem ser denominados: casos especiais, exemplo durante a gestação) e dependendo da presença de processo infeccioso associado a obstrução ureteral (infecção urinaria complicada com obstrução ureteral). Estes casos requerem, quase sempre, intervenção imediata para desobstrução da via urinaria, até pelo risco de evolução para um quadro de infecção generalizada, ou sepse de foco urinaria, que inclusive se apresenta como uma doença com risco de vida significativo. O tratamento a ser adotado vai depender da condição clínica, repercussão renal da obstrução, da presença de infecção ou não, do tamanho do cálculo, da sua localização e até densidade do cálculo. 

Os tratamentos poderão variar entre: 

✓ Conduta expectante 

✓ Terapia expulsiva (medicamentosa)

 ✓ Litotripsia extracorpórea por ondas de choque (que alguns chamam de implosão do cálculo ou “laser”, mas não existe laser neste método) 

✓ Cirurgia Endoscópica (NOS – Natural Orifices Surgery)

 ✓ Cirurgia laparoscópica 

✓ Cirurgia Robótica

 ✓ Cirurgia Renal Percutânea incluindo as modalidades derivadas dela como a “miniperc”

 ✓ Até mesmo Cirurgia Aberta ou convencional 

Em algum momento oportuno iremos discutir um pouco mais sobre cada uma das terapias mencionadas