Um estudo australiano conseguiu devolver a pacientes tetraplégicos
sua habilidade de mover mãos e braços após uma cirurgia para “religar” seus
nervos.
A descoberta é muito promissora, embora não funcione para
qualquer paciente tetraplégico. Se a lesão na medula espinhal tiver causado
paralisia completa, a cirurgia não consegue reconectar nenhum nervo.
No entanto, os médicos afirmaram que cerca de 250.000
pessoas em todo o mundo com lesões na medula que levam à tetraplegia a cada ano
podem se beneficiar do novo tratamento.
Como funciona
No estudo, cirurgiões australianos realizaram 59 “transferências
de nervos” em 16 pacientes. A operação falhou em quatro ocasiões, incluindo
dois pacientes que tiveram uma redução permanente de sensações. De acordo com
os pesquisadores, a cirurgia tem mais chances de sucesso se for realizada entre
seis meses a um ano da lesão inicial.
Nos demais pacientes, embora não tenham reganhado completamente
função normal, as melhorias foram suficientes para mudar totalmente a vida das
pessoas.
Esses pacientes, inicialmente, podiam mover apenas alguns músculos
superiores do braço. Com a transferência de nervos – eles foram cortados e em
seguida anexados a outros nervos que controlavam outros músculos -, os indivíduos
se tornaram capazes de estender o braço e abrir e fechar a mão.
Por exemplo, nervos que uma vez serviam para virar a palma
da mão para cima passaram a ser usados para estender todos os dedos da mão.
Assim, quando um paciente pensava em girar a mão, seus dedos se estendiam.
“Acreditamos que a cirurgia de transferência de nervo
oferece uma opção nova e empolgante aos indivíduos com paralisia, dando-lhes a
possibilidade de recuperar as funções do braço e da mão para realizar tarefas
cotidianas, ter maior independência e capacidade de participar mais facilmente
da vida familiar e profissional”, resumiu a Dra. Natasha van Zyl, da
Austin Health em Melbourne, à BBC.
Sucesso
Um dos pacientes que fez a cirurgia e recuperou movimentos
cruciais foi Paul Robinson, de 36 anos.
Sua lesão ocorreu quando ele caiu durante um passeio de
motocross em 2015. Ele realizou a operação de transferência de nervos no mesmo
ano, no que ele relatou ter sido uma das experiências mais dolorosas de sua
vida.
Depois de um período de recuperação e fisioterapia, ele
finalmente reganhou a habilidade de mover suas mãos e braços de uma maneira que
transformou sua vida.
Paul, que anteriormente havia tido que voltar a morar com os
pais, pode novamente ter sua própria casa.
“Nunca pensei que seria possível viver sozinho, de forma
independente. Eu pratico esporte (rugby em cadeira de rodas) e estou estudando
engenharia. Isso fez uma diferença enorme na minha vida – poder cortar comida,
segurar talheres normais e usar uma caneta para escrever na universidade”,
contou à BBC.
Mudando vidas
Era exatamente este o objetivo dos pesquisadores – ajudar as
pessoas a terem uma vida melhor, ainda que movimentos finos não possam ser
totalmente recuperados.
procedimento. Definitivamente, não estamos restaurando a função normal das
mãos”, explicou a Dra. Van Zyl.
O foco é em duas áreas – abrir e fechar a mão e poder
estender o cotovelo para alcançar algo. No entanto, isso ainda pode alterar de
maneira radical a qualidade de vida de um paciente.
Um artigo sobre as descobertas do estudo foi publicado na revista científica Lancet. [BBC]
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